Cadeias Tróficas Marinhas é um Projeto do CIIMAR

Cadeias Tróficas Marinhas

O equilíbrio do

Ambiente Marinho

 

Os oceanos contêm ecossistemas ricos e complexos com seres vivos de todas as formas, cores e tamanhos. O equilíbrio dos ecossistemas marinhos e costeiros está associado diretamente à sua biodiversidade, à manutenção das suas cadeias tróficas e dos ciclos dos nutrientes, que constituem alguns descritores do Bom Estado Ambiental das Águas Marinhas visados na DQEM. Tal como em qualquer outro ecossistema, qualquer organismo marinho depende da disponibilidade de alimento.

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As Cadeias Tróficas

Todos os animais têm de se alimentar e são potencial alimento para outros animais. No meio marinho, do menor dos organismos planctónicos à enorme baleia, todos se alimentam de recursos vivos e mortos existentes no ecossistema.

Plantas e animais estão ligados entre si por relações predador-presa designadas de cadeias alimentares ou cadeias tróficas. As cadeias alimentares ligam de forma direta os predadores às suas presas que estão distribuídos em diferentes níveis tróficos.

Tal como os ecossistemas terrestres, no meio marinho, as relações tróficas iniciam-se com o Sol como fonte de energia para os organismos produtores, geralmente seres vivos fotossintéticos. Estes seres vivos servem de alimento para outros organismos consumidores (primários, secundários, terciários…) e decompositores. As relações que se estabelecem entre os níveis tróficos podem ser esquematizadas em “cadeias tróficas” ou “cadeias alimentares” que, por sua vez, podem ser desenhadas sob a forma de “pirâmides alimentares” divididas nos vários níveis que representam os diferentes níveis tróficos: produtores, consumidores primários e consumidores secundários.

As Pirâmides Alimentares

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As pirâmides alimentares são representações das relações lineares entre predadores e respectivas presas e que representam a direção do fluxo de energia e biomassa disponíveis em cada nível trófico.

Os produtores constituem o primeiro nível trófico e a base da pirâmide alimentar. No ambiente marinho, os produtores são os organismos mais abundantes. São chamados produtores porque produzem o seu próprio alimento (hidratos de carbono e oxigénio) a partir dos nutrientes disponíveis no meio e ainda a partir da energia solar pelo processo da fotossíntese. Os produtores mais comuns no ambiente marinho são as algas e o fitoplâncton.

A seguir aos produtores seguem-se os níveis tróficos associados aos consumidores. Os consumidores podem ser divididos em três grandes grupos: herbívoros, carnívoros e omnívoros.

Os consumidores que se alimentam dos produtores são os consumidores primários e constituem o segundo nível da pirâmide alimentar.  Estes seres vivos são herbívoros e alimentam-se das algas e fitoplâncton. O zooplâncton é um consumidor primário comum em meio marinho e que se alimenta de fitoplâncton. No entanto, outros organismos de maiores dimensões, por exemplo a Carpa, também são herbívoros  e são, por isso, consumidores primários.

Os consumidores secundários, por sua vez, constituem o terceiro nível da pirâmide alimentar e alimentam-se dos consumidores primários, e assim sucessivamente. Os consumidores secundários como pequenos peixes ou estrelas-do-mar, são carnívoros e possuem uma série de adaptações para apanhar e comer as suas presas. Alguns animais comem outros animais assim como plantas e por isso são designados de omnívoros.

No topo da cadeias alimentar estão os “predadores de topo” que, por norma, não têm predador específico e por isso acabam por morrer sem serem predados. Contudo, servirão de alimento aos decompositores.

Os decompositores são o nível da cadeia trófica que liga os consumidores aos produtores. Os decompositores sobrevivem pela decomposição dos detritos e restos mortais produzidos por todos os seres vivos de todos os níveis tróficos. A decomposição desta matéria orgânica resulta na libertação de minerais e nutrientes para o meio que podem ser utilizados pelos organismos produtores entrando novamente na cadeia alimentar. A maior parte dos decompositores no ambiente marinho são bactérias.

Em conjunto, produtores, consumidores e decompositores são as peças chave da pirâmide alimentar e cada nível depende do equilíbrio dos níveis tróficos anteriores.

O fluxo de energia e biomassa

A pirâmide alimentar também permite compreender o fluxo de energia e biomassa disponível em cada nível trófico. Quando os consumidores primários comem os organismos produtores, como as algas, inicia-se um fluxo de energia através do ecossistema que se direciona para os organismos no topo da pirâmide alimentar.

Este fluxo começa com a energia solar que é convertida em alimento pelos organismos fotossintéticos e depois é transferida para outros seres vivos até ao topo da pirâmide alimentar. Na passagem de um nível trófico para o seguinte há sucessivas perdas de energia pelo que, a energia acumulada no topo da pirâmide alimentar é inferior a qualquer dos níveis anteriores.

A maior quantidade de energia está precisamente no primeiro nível trófico da pirâmide alimentar razão pela qual é representada pela base da pirâmide.

Tal como no caso da energia, a biomassa também é maior nos níveis tróficos mais baixos e vai diminuindo drasticamente nos níveis seguintes. Os predadores de topo, representam normalmente a menor quantidade de biomassa. Compreende-se então que a quantidade de alimento disponível vai sendo cada vez menor à medida que subimos na pirâmide alimentar ao passo que os seres vivos vão sendo em menor número e tendo, progressivamente, maiores dimensões.

As Teias Alimentares

A maior parte das vezes, as relações tróficas são mais complicadas do que uma simples cadeia. As cadeias alimentares são lineares mostrando apenas a relação específica e direta entre predadores e suas presas.

Na maior parte dos casos as cadeias alimentares relacionam-se umas com as outras numa rede complexa designada de “teia alimentar”. As teias alimentares incorporam múltiplas interações entre diferentes organismos de um ecossistema e representam várias cadeias alimentares em simultâneo. Apesar de poderem ser muito complexas, são uma representação mais realista do fluxo de energia.

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Ameaças

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As relações tróficas entre os organismos mostram que uma fragilidade no ecossistema que afecte um determinado nível trófico poderá ter repercussões nos níveis tróficos superiores. Qualquer alteração no ambiente pode resultar em sérias modificações ao equilíbrio das cadeias alimentares.

O homem também faz parte da cadeia alimentar do ambiente marinho e é considerado um predador de topo. Não só se alimenta de peixe, crustáceos e outros invertebrados marinhos, como utiliza algas para produzir gelatina, gelados e outros produtos não alimentares como a pasta dos dentes. Atualmente, uma das principais ameaças a este equilíbrio é precisamente o declínio dos organismos do topo das cadeias tróficas marinhas, geralmente peixes de maiores dimensões, devido às intensas pescas comerciais. Face a estas ameaças, é importante que o homem tente minimizar o seu impacto nas cadeias tróficas marinhas de forma a conseguir proteger os recursos dos quais ele próprio depende. Outros problemas de origem humana que afetam as cadeias tróficas marinhas incluem a incorporação de material plástico nas cadeias tróficas, a bioacumulação e bioamplificação de poluentes muitos deles tóxicos.